Síndrome Dolorosa Miofascial (SDM) é uma condição musculoesquelética caracterizada por dor local e referida percebida como profunda e dolorida, e pela presença de pontos-gatilho em qualquer região do organismo.
Epidemiologia- Poucos estudos epidemiológicos tem investigado a prevalência ou incidência de pontos de gatilho na SDM.
- Pesquisas tem demonstrado que os pontos-gatilho estão associados a outras condições dolorosas, incluindo enxaqueca, cefaléia tensional, disfunções da articulação têmporo-mandibular, cervicalgias, dores em ombros, epicondilite, sindrome do tunel do carpo, lombalgias, dores pélvicas e lesões pós traumáticas.
Fisiopatologia
A fisiopatologia dos pontos-gatilho não é completamente esclarecida, e um número de alterações morfológicas, de neurotransmissores, neurossensoriais, eletrofisiológicas e motoras tem sido implicadas em sua patogênese:
- Alterações morfológicas: Um significante aumento da rigidez tem sido encontrado nas bandas musculares e nos pontos-gatilho
- Neurotransmissores: Elevado nivel de neuropeptidios (exemplo: substância P ou peptidio relacionado ao gene de calcitonina), catecolaminas (Norepinefrina) e citocinas pró-inflamatorias ( TNF alfa, Interleucina 1 beta, interleucina 6, interleucina 8) tem sido encontrados nos pontos-gatilho
- Características neurosensoriais: dor referida que se espalha, hipersensibilidade para estímulo nociceptivo (hiperalgesia) e ao estímulo não nociceptivo (alodinea), sensibilidade à dor mecanica, hiperatividade simpática, facilitação para dor local e referida e atenuação da resposta vascular.
- Eletrofisiologia: muitos estudos tem encontrado atividade elétrica espontânea, atribuída ao aumento dos potenciais de placa terminal em miniatura e maior liberação de acetilcolina nos pontos-gatilho, apesar de necessitarmos de mais estudos futuros para esta confirmação.
- Prejuízo Motor: pontos-gatilho miofasciais pode induzir mudanças nos padrões de ativação muscular normal e resultar em disfunção motora
- A estimulação de pontos-gatilho ocasionam dores referidas
- A duração das dores referidas é variável (segundos, horas, dias)
- A dor referida é percebida como profunda, dolorida, queimação e às vezes pode ser percebida como dor superficial
- A dor referida pode se espalhar caudalmente ou cranialmente
- A intensidade e a área de expansão da dor referida estão positivamente correlacionada com o grau de atividade do ponto-gatilho.
Os critérios diagnósticos para pontos-gatilho estão em Debate, porém existem 3 critérios diagnósticos mínimos (1-3) e 6 de confirmação(4-9):
1-Presença de banda tensa palpável em musculo esquelético
2-Presença de área de hipersensibilidade dentro da uma banda tensa muscular
3- Reprodução da sensação de dor referida com estimulação do nódulo doloroso
4-Evocação de reação contrátil visualmente ou á palpação da banda tensa
5- Presença de “sinal do pulo” ou seja, reação de retirada a palpação dos nódulos
6-Paciente reconhece a dor que sente ao exame de palpação muscular
7-Previsão de padrões de dor referida
8-Fraqueza muscular e músculo em aperto
9-Dor com alongamento ou contração do musculo afetado
Diagnóstico e Tratamento
A terapêutica dos pontos-gatilho e da SDM é multimodal. As intervenções mais comumente utilizados são os seguintes:
- Massagem, compressão isquêmica, liberação ou deslizamento miofascial, e outras intervenções dos tecidos moles (como energia muscular) mostraram de moderada a forte evidência para alívio imediato da dor.
- Agulhamento de pontos-gatilho tem mostrado benefícios clínicos, mas são necessários mais estudos.
- A terapia com laser apresenta fortes evidências de eficácia para o alívio da dor.
- A estimulação elétrica transcutânea (TENS) e terapia magnética mostraram evidência moderada imediata sobre os pontos-gatilho miofasciais.
- O exercício tem mostrado benefício moderado e pode incluir alongamentos e amplitude de movimento, fortalecimento, resistência, ou exercícios de coordenação.
- Ultra-som terapêutico tem fraca evidência de eficácia nos pontos-gatilho.
Referências:
1. Fernández de las Peñas C, Cuadrado ML, Arendt-Nielsen L, Simons DG, Pareja JA. Myofascial trigger points and
sensitisation: an updated pain model for tension type headache. Cephalalgia 2007;27:383–93.
2. Simons D, Travell J, Simons P. Travell & Simons’ myofascial pain & dysfunction: the trigger point manual. Baltimore:
Williams & Wilkins; 1999.
3. Tough EA, White AR, Cummings TM, Richards SH, Campbell JL. Acupuncture and dry needling in the management of
myofascial trigger point pain: a systematic review and meta-analysis of randomised controlled trials. Eur J Pain
2009;13:3–10.
4. Vernon H, Schneider M. Chiropractic management of myofascial trigger points and myofascial pain syndrome: a
systematic review of the literature. J Manipulative Physiol Ther 2009;32:14–24.
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